Caos e prenúncio de tragédia no transporte do Rio
16/03/2012
Depois do aumento de 60% nas passagens das barcas, autorizado pela Agetransp e referendado pelo Governador, agora os passageiros do Metrô e dos trens perdem o bilhete de integração mais barato. E de quebra entubaram mais 18% de aumento, isso se aderirem ao bilhete único da Fetranspor.
A alegação é que se tratava de uma promoção. Promoção em vigor há 12 anos!? E mais: que o sistema estava muito vulnerável com a venda irregular de bilhetes de integração. Ora, trata-se de um caso de polícia. Cabe à polícia receber a denúncia e investigar, porque bilhete de integração não nasce em árvore. Alguém está atravessando este sistema e este alguém está dentro das empresas. Alguma dúvida?
A solução encontrada tem muito mais a ver com a ganância das empresas do que propriamente com uma possível grande evasão de recursos. Como a Agetransp é um órgão figurativo e o governo estadual “anda” para a população, mais uma vez prevaleceu a cara-de-pau das concessionárias.
Cara-de-pau também dos nobres deputados estaduais. Eles alegam que não foram a favor e nem votaram nenhum reajuste das passagens das barcas, apenas aprovaram um projeto do Executivo que altera a forma de cobrança de tarifas, implantando o sistema subsidiado. O que dá exatamente no mesmo…
Vale lembrar que todo o sistema de bilhete único já é subsidiado pelo erário público. Ou seja, o cidadão do Rio de Janeiro paga caro para viajar de ônibus, trem, metrô e barca e as empresas ainda recebem um mimo do Governo. Com nosso dinheiro, é claro…
O maior problema de tudo isso é o verdadeiro caos em que essas concessionárias – com sua ganância – estão transformando o Rio e o Grande Rio. A chegada e a volta para casa de trabalhadores e estudantes virou um inferno. Todos os dias acontecem problemas, prenúncio de tragédias, como a que ocorreu recentemente em Buenos Aires. O ocorrido com o bonde de Santa Teresa foi só um aviso. Sinal de que prevenção e manutenção do sistema nunca foram prioridades para essas empresas.
Pouca gente falou a respeito, mas o sistema de trens urbanos da capital argentina foi privatizado na época de Carlos Menem e nos últimos anos protagonizou seis grandes acidentes. Será que vamos esperar mais para que isso aconteça aqui também?
Impressionante, Henrique, é que tudo isso passa pelo nariz dos organizadores dos grandes eventos e, por outro lado, as “autoridades constituídas” bancam´/compram/vendem uma situação que cada dia se agrava mais. A falta de planejamento urbano e de compromisso de determinados parlamentares e chefes do Executivo transformam soluções simples em grandes monstros – estes prontos para engolir a sofrida população carioca e fluminense.